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segunda-feira, 24 de junho de 2013

O GOLPE ANUNCIADO NO BRASIL

O grito genérico contra a corrupção ecoa a tentativa de golpe contra o governo Lula em 2005, ensaiado pelos mesmos agentes de hoje. Naquela época o esforço era maior. A TV tinha de convencer a massa a ir para a rua. Em 2013 ela já estava caminhando, era só entregar as bandeiras.


É o que estão fazendo com todo empenho. A exaltação ao povo que “acordou” foi só o começo. O JN, na sexta-feira (14), censurou uma entrevista dada no Rio por uma integrante do Movimento do Passe Livre, Mayara Vivian.



Enquanto ela falava dos ônibus, tudo bem. Mas a parte em que ela defendia a reforma agrária, a reforma política e o fim do latifúndio no Brasil foi cortada pela censura global. Esses temas não fazem parte das bandeiras da família Marinho.

Colunistas| 22/06/2013 | Copyleft 
DEBATE ABERTO

A TV organiza a massa

A mudança da grade de programação, 

com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”,

 na última quinta (20), é ainda mais emblemática. 

Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava 

ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para

 “entender” a situação.

  •   
*) Artigo publicado originalmente na Rede Brasil Atual.




"Este não foi um movimento partidário. 
Dele participaram os setores conscientes da
 vida política brasileira". 
(Editorial de O Globo, 2/4/1964)

A TV, chamada de “Príncipe Eletrônico” pelo sociólogo
 Octavio Ianni, está conduzindo as massa pelas
 ruas brasileiras.
 À internet coube o papel de convocar, à TV de conduzir.
Ao perceber que o movimento não tinha direção e
 poderia assumir bandeiras progressistas,
 as emissoras de TV, com a Globo à frente,
 passaram a conduzi-lo.
Nos primeiros dias, para as TVs,
 eram vândalos que estavam nas ruas e 
precisavam ser reprimidos. 
Reproduziam em linguagem popular o que pediam os
 editoriais da mídia impressa.
Não esperavam, no entanto, que o movimento 
ganhasse as proporções que ganhou.
 Longos anos de neoliberalismo 
exaltando o consumo e o individualismo
 tiraram de algumas gerações o prazer de fazer 
política voltada para a solidariedade e a 
transformação social.
Os partidos que poderiam ser eficientes
 canais de participação passaram a se
 preocupar mais com o jogo do poder do que 
com debate e o esclarecimento político, 
tão necessário na formação dos jovens.
Tudo isso estava engasgado. 
O Movimento do Passe Livre serviu de destape.
 Reprimido com violência como queria a mídia, 
ele cresceu. 
Milhões foram às ruas em repúdio ao vandalismo policial
 daquela quinta-feira (13).
As bandeiras, ao se multiplicarem, diluíram. 
A história registra o surgimento, 
nesses momentos, de líderes carismáticos ou de
militares bem armados para levar as massas à
trágicas aventuras. 
Alemanha nos anos 1930
 e o Brasil em 1964 
são apenas dois exemplos.
Em 2013, quem assumiu esse papel foi a TV. 
Percebendo a grandeza física do movimento, 
mudou o discurso e passou 
a exaltar a “beleza” das manifestações.
 Ofereceu para elas as suas bandeiras
 voltadas para assediar
 o poder central.
O grito genérico contra a corrupção ecoa
 a tentativa de golpe contra o governo Lula em 2005, 
ensaiado pelos mesmos agentes de hoje.
 Naquela época o esforço era maior.
 A TV tinha de convencer a massa a ir para a rua. 
Em 2013 ela já estava caminhando,
 era só entregar as bandeiras.
É o que estão fazendo com todo empenho.
 A exaltação ao povo que “acordou” foi só o começo. 
O JN, na sexta-feira (14), censurou 
uma entrevista dada no Rio
 por uma integrante do
 Movimento do Passe Livre, Mayara Vivian.
Enquanto ela falava dos ônibus,
 tudo bem. 
Mas a parte em que ela defendia
 a reforma agrária, a reforma política e o fim do
 latifúndio no Brasil 
foi cortada
 pela censura global.
 Esses temas não fazem parte das
 bandeiras da
 família Marinho.
A mudança da grade de programação,
 com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”,
 na última quinta (20),
 é ainda mais emblemática.
 Sinalizou para o telespectador
 que algo de muito grave estava 
ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo”
 para “entender” 
a situação.
Tanto entenderam que às 20h30 centenas,
 se não milhares de pessoas, 
continuavam a sair das
 estações do Metrô na Avenida Paulista.
 Iam se juntar aos “apolíticos”
 que hostilizavam os militantes partidários
 insuflados por “pitbulls” (jovens parrudos) 
estrategicamente postados ao longo da avenida. 
Pela minha cabeça 
passaram imagens das brigadas nazistas
 vistas no cinema.
Os cartazes tinham de tudo.
 Alguém disse que era um “facebook” real.
 Cada um “postava” na cartolina a sua reivindicação. 
E a TV até disso se aproveitou.
Na sexta pela manhã, 
Ana Maria Braga ensinava
 como as mães deveriam orientar seus filhos 
na confecção desses cartazes.
 Como o Movimento pelo Passe Livre
já disse que não iria mais
 convocar novas manifestações, 
parece que a Globo assumiu
 o comando. 
Quando será o próximo ato?
 Saiba na Globo.
Fustigado nas ruas e nas telas, 
o governo para responder,
 tem de se valer da mesma TV que o ataca.
Julgou, como julgaram outros governos,
 que isso seria possível
 e por isso não constituiu canais alternativos de rádio e TV 
capazes de equilibrar 
a disputa informativa
 (a presidente Cristina Kirchner não entrou nessa).
Sem falar na regulamentação dos
 meios eletrônicos cujo projeto formulado
 ao final do governo Lula está engavetado.
 Se houvesse sido enviado ao Congresso e
 aprovado, 
outras vozes estariam no ar. 
Teríamos mais chance de evitar o golpe anunciado.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, 
é professor de Jornalismo da ECA-USP. 
É autor, entre outros, de “A TV sob controle
 – A resposta da sociedade ao poder da televisão” 
(Summus Editorial).
 Twitter: @lalolealfilho.

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