Os documentos da A&M, de que Moro é sócio, atestando que tríplex era da OAS
Documentos da A&M, de que agora Moro é sócio, atestam que tríplex de Guarujá, no edifício Solaris, pertencia à OAS, não a Lula.
Um é de 2016, e o outro, de 2017.
Defesa do petista apresentou os dois ao então juiz Sergio Moro, que deu de ombros.
Será que ainda hoje ele não confia na empresa de que agora é "sócio diretor"?
Reinaldo Azevedo
Colunista do UOL
02/12/2020 07h43
Lembremos de novo: a empresa de que Sergio Moro agora é sócio, a Alvarez & Marsal, respondeu pela recuperação judicial da OAS — que também foi à lona à esteira da Lava Jato.
A empreiteira está no centro do processo que levou o ex-presidente Lula à cadeia.
A sandice é tal, já chego lá, que Moro inventou até a delação premiada informal de Leo Pinheiro, ex-presidente da empresa.
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Em uma petição enviada ao então juiz, Sergio Moro no dia 19 de abril de 2017, a defesa de Lula exibia dois documentos demonstrando que o tal tríplex de Guarujá não pertencia ao ex-presidente.
Era, na verdade, propriedade da OAS.
E quem é que listava o imóvel como patrimônio da empreiteira?
Ninguém menos do que a Alvarez & Marsal, empresa de que Moro agora é sócio honrado e acima de qualquer suspeita.
Isso está devidamente documentado.
O então juiz deu de ombros para a evidência e julgou a causa como se o imóvel pertencesse ao líder petista.
Ou por outra: ele não acreditou no que certificava a A&M.
Moro desconfia do clube que o aceita como membro.
Ele condenou Lula à cadeia por ter recebido como propina um apartamento que não era seu segundo atestam os agora sócios do ex-juiz.
Poucos se lembram de que Léo Pinheiro fez dois acordos de delação premiada.
Um primeiro foi anulado por Rodrigo Janot sem explicação clara.
Alegou-se descontentamento com vazamentos.
Não se sabe o que continha, mas se sabe que ele não acusava Lula.
No dia 20 abril de 2017, no entanto, em depoimento a Moro, fora do ambiente de delação, Pinheiro falou o que a força-tarefa queria que ele falasse: disse que a reforma do tal tríplex seria um prêmio da empreiteira dado a Lula como fração de recursos desviados da Petrobras, que existiriam numa contabilidade informal. Não há um miserável documento que ateste isso.
E, acreditem, magicamente, as negociações para a segunda delação de Pinheiro recomeçaram dois meses depois.
Em diálogos revelados pela Vaza Jato, o próprio Deltan Dallagnol expressou a preocupação de que as coisas fossem vistas segundo aquilo que eram.
Vale dizer: ele achava que o acordo de delação de Pinheiro seria entendido "como um prêmio pela condenação de Lula".
Eis o melhor retrato da delação premiada no Brasil.
Pergunta: SERÁ que, hoje, Moro acredita na palavra da empresa de que ele é sócio diretor?
Ou ainda: será que, agora como empresário com ganhos milionários, ele espera que juízes façam como ele fez e ignorem o que certifica a A&M?
REINALDO AZEVEDO
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