Antes de tudo, um forte abraço, em amor à História e à Verdade...

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A MÍDIA DIVULGA O QUE INTERESSA. A QUEM?


O QUÊ O JORNAL NACIONAL ESCONDEU DE VOCÊ HOJE (28/7)

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Entre um e outro bloco do JN, tem sido exibido uma propaganda institucional da TV Globo em que ela, através de seus jornalistas e artistas, se define como uma emissora que prima pelo compromisso com a verdade, o fato e a transparência.

Retóricas e charmes à parte, não é bem assim.

Para mostrar que não é, começo hoje essa série sobre o que o JN esconde de você.

O objetivo é destacar os principais fatos que deveriam e não foram assunto no telejornal da família Marinho.

Então, vamos lá

1. ÍNDIOS - O JN apresentou uma longa reportagem sobre o drama dos índios Xavantes, no Parque do Xingu, cujas mortes por covid-19 já chegam a 77 e o número de infectados é de 850.

Nada foi dito, no entanto, sobre o fato de que uma das denúncias pelas quais Bolsonaro será julgado pela Corte Internacional de Justiça, em Haia, diz respeito exatamente ao genocídio contra os povos indígenas do Brasil.

Essa denúncia foi aceita no dia anterior e não poderia, do ponto de vista jornalístico, ter sido ignorada.

Qualquer reportagem que se pretendesse minimamente séria não poderia igualmente deixar de mencionar que a gravidade da situação dos Xanantes se deve ao descaso do governo para com essa população.

Descaso que levou várias entidades comprometidas com a causa indígena a formularem a denúncia e ela ser aceita para julgamento em instância internacional.

Como se não bastasse essa imperdoável omissão, a parte final da reportagem pode ser entendida como uma "passada de pano" para o governo.

Os citados R$ 70 milhões, que o ministério da Saúde informa ter destinado ao combate à pandemia entre os indígenas, funciona como uma espécie de defesa prévia para as acusações que Bolsonaro enfrentará.

Os advogados de Bolsonaro poderão até solicitar cópia da reportagem à "insuspeita" Globo e juntá-la às provas de que o governo "sempre protegeu nossos índios".

2. DESEMPREGO - A gravidade da situação envolvendo o desemprego e o fechamento de pequenas e médias empresas no Brasil, contrasta com a forma ligeira e superficial com que o tema foi tratado nesta edição do JN.

O fato que deu origem à matéria foi o péssimo resultado do emprego no primeiro semestre de 2020, o pior em 32 anos.

Foram fechados 1,19 milhão de postos de trabalho nos últimos seis meses.

Como a cifra foi apresentada sem qualquer contextualização, o telespectador é induzido a acreditar que se deve exclusivamente à pandemia.

O que não é verdade.

O fechamento de postos de trabalho tem a ver com a reforma Trabalhista, que retirou direitos dos trabalhadores, fragilizou os sindicatos e vendeu a ideia de que todos poderiam ser empreendedores e donos do próprio negócio.

Tem a ver com a reforma da Previdência, aprovada no ano passado, que completou a retirada de direitos dos trabalhadores.

Tem a ver com o fato de a política ultraliberal colocada em prática por Paulo Guedes optar por dar dinheiro para o sistema financeiro e dificultar de todas as maneiras o acesso do pequeno e do médio empresário ao crédito.

Os pequenos e médios negócios são os que mais empregam no país e estão simplesmente desaparecendo.

Como o JN defendeu com unhas e dentes a aprovação dessas duas reformas e apoia integralmente a agenda de Guedes, jamais os telespectadores vão ouvir quaisquer críticas a elas no JN.

E a pandemia fica como a única vilã da história.

3. Lava Jato - O JN citou, muito rapidamente, a Operação Lava Jato na reportagem sobre a polêmica envolvendo competências para se determinar buscas e apreensões em gabinetes de parlamentares.

Só que os dois grandes assuntos do dia envolvendo a Lava Jato ficaram de fora: o pente fino que a Procuradoria Geral da República fez hoje nas dependências da operação, em Curitiba, e a entrevista que o próprio procurador-geral da República, Augusto Aras, deu para o Grupo Prerrogativas, que reúne alguns dos mais renomados juristas e advogados brasileiros.

Tanto o pente fino quanto a entrevista foram demolidores para Dallagnol e Moro. Ambos bombaram nos sites e blogs progressistas e nas redes sociais.

Mas o JN preferiu ficar caladinho, por se tratar de dois "amigos" (ou seriam aliados?) da família Marinho. (Angela Carrato)

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