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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

AS BOAS RELAÇÕES ENTRE BRASIL E IRÃ

Aos que estão publicando que as relações entre Brasil e Irã estão estremecidas, aos que vivem torcendo para que o Brasil e Irã se afastem...


LEIAM: Ahmadinejad to visit Brazil: ambassador - Tehran Times

“O Brasil não jogará no terreno dos EUA”

7 de janeiro de 2012



Entrevista Mohsen Shaterzadeh, embaixador do Irã no Brasil

Por Fabiano Costa

Presa e torturada durante a ditadura, a presidente Dilma Rousseff incomodou o regime teocrático do Irã ao condenar as supostas violações contra os direitos humanos no país persa. Apesar de descartar um mal-estar entre os dois países, o chefe da chancelaria iraniana no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, enfatizou em entrevista a Zero Hora, na última sexta-feira, que o Planalto saiu do eixo de parceiros prioritários de Teerã. Para o diplomata, Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua constituem hoje o rol de aliados estratégicos do país do Oriente Médio na América Latina. A seguir, a síntese:


Zero Hora – Qual é o objetivo da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à América Latina?

Mohsen Shaterzadeh – A viagem é basicamente uma visita a amigos. Temos muitos projetos a serem firmados com alguns governos da América Latina. Uma comitiva de empresários iranianos acompanha o presidente Ahmadinejad. Pretendemos renovar e fortalecer as relações políticas e econômicas com Cuba, Nicarágua, Equador e Venezuela.

ZH – As relações entre Brasil e Irã esfriaram após a posse da presidente Dilma Rousseff?

Shaterzadeh – Não. O atual governo brasileiro é uma continuação da gestão Lula. Apesar do embargo dos EUA e da União Europeia ao petróleo iraniano, em 2011, o comércio bilateral entre Brasil e Irã ultrapassou US$ 2,3 bilhões. Além disso, temos outros US$ 2 bilhões atrelados a projetos em andamento.

ZH – Teerã se incomodou com o voto do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU a favor da nomeação de um relator especial para o Irã?

Shaterzadeh – O governo iraniano demonstrou um pouco de insatisfação. No entanto, consideramos o voto brasileiro característico de um país independente. Temos certeza que o Brasil não jogará no terreno dos EUA.

ZH – As reiteradas críticas de Dilma contra o apedrejamento de mulheres desagradaram o governo iraniano?

Shaterzadeh – Em uma tentativa de promover uma propaganda contra o regime de Teerã, os meios de comunicação ocidentais venderam outra imagem desta mulher iraniana condenada à morte por adultério, a Sakineh Ashtiani. Após as declarações de Dilma contra a condenação, esclarecemos o assunto com as autoridades brasileiras. Acredito que essa questão está sanada. As críticas da presidente não comprometeram a amizade entre os dois países.

ZH – Em uma entrevista durante o governo Lula, o senhor disse ver afinidades políticas entre o ex-presidente brasileiro e Ahmadinejad. O senhor considera que há afinidades entre Dilma e o chefe de Estado do Irã?

Shaterzadeh – O eixo de cooperação entre Brasil e Irã não se alterou no governo Dilma. Os dois países acreditam em justiça social, eliminação da pobreza e são contra atos cruéis e opressivos pelo mundo. As duas nações também pedem a reforma do Conselho de Segurança da ONU e têm propostas inovadoras para a paz no Oriente Médio. É óbvio que temos nossas diferenças, como nos aspectos culturais, mas os pontos de convergência são maioria.

ZH – No entanto, os dois países têm visões distintas em torno dos direitos humanos.

Shaterzadeh – Brasil e Irã enxergam o tema com o mesmo olhar. Ambos países acreditam que essa pauta não deve servir de instrumento político. O conceito de direito humanos tem de considerar a cultura e os costumes de cada povo. É natural que os costumes no Brasil sejam diferentes dos nossos, assim como são dos japoneses e dos italianos. A visão sobre os direitos humanos não deve ser a mesma dos EUA. É fundamental que a cultura de cada país seja respeitada.

ZH – Atualmente, quem são os parceiros prioritários do Irã na América Latina?

Shaterzadeh – Temos um intercâmbio comercial maior com o Brasil. Porém, nossos principais projetos de cooperação hoje estão vinculados a cinco países: Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, nesta ordem. Investimos nessas nações aliadas em fábricas de automóveis, cimento, tratores e produção petroquímica, entre outros setores.

ZH – O governo iraniano ainda defende um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU para o Brasil?

Shaterzadeh – Claro. Não mudamos nossa opinião, enfatizada durante a visita do presidente Ahmadinejad ao Brasil, em 2009. Nós enfrentamos as mesmas dificuldades que o governo brasileiro no sistema político multilateral.

ZH – Na sua avaliação, houve uma guinada na política externa brasileira no governo Dilma?

Shaterzadeh – Seria melhor fazer essa pergunta para os analistas brasileiros. O Irã, entretanto, está convencido de que a política externa de Dilma é uma continuação da do ex-presidente Lula.

ZH – Como Teerã vê a reaproximação do Planalto com a Casa Branca?

Shaterzadeh – Respeitamos as políticas de qualquer país. O Brasil tem de seguir sua trajetória conforme seus interesses. No entanto, o governo iraniano é contra as políticas expansionistas e repressoras dos EUA ao redor do mundo. Teerã é contra a política repressiva e cruel imposta pela Casa Branca.

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