À solicitação do piloto, uma controladora responde que a "próxima chance" para pouso seria dali a sete minutos, porque havia uma emergência com outra aeronave – um Airbus da Viva Colombia – sendo atendida naquele momento.
Por isso, ela dá ordens para que o avião que transportava o time catarinense permaneça no ar. Em seguida, autoriza a aproximação da outra aeronave.
A conversa se estende até o pedido final de Quiroga, já em tom de desespero, aos nove minutos:
– Senhorita, Lamia 2933 está em falha total, falha elétrica total, sem combustível – grita o piloto.
– Pista livre e com chuva sobre a superfície, Lamia 2933. Bombeiros acionados – responde a controladora.
Na sequência, em três frases rápidas, o piloto pede à torre as coordenadas para pousar, no que é atendido.
Então, a controladora pergunta a altitude do avião. O piloto responde e solicita com urgência a direção da pista:
– 9 mil pés, senhorita. Vetores (direção), vetores... – são as últimas palavras gravadas do piloto.
Depois, a torre avisa que o avião da Chapecoense está a cerca de 13 quilômetros da pista de pouso. Na próxima pergunta sobre altitude, o piloto não se comunica mais. Os chamados dos controladores duram mais dois minutos.
Segundo especialistas, a altitude segura para um avião sobrevoar a região montanhosa de Cerro El Gordo é 10 mil pés (3.048 metros). Como o piloto relatou acima, ele estava voando mais baixo, a 9 mil pés (2.743 metros).
O avião perdeu contato com a torre de comando quando sobrevoava as cidades de La Ceja e Aberrojal, à 0h33 de Brasília, e a queda ocorreu à 1h15 no Cerro El Gordo – segundo informações do aeroporto de Medellín.
Áudio divulgado na tarde desta quarta-feira por veículo de imprensa da Colômbia revela o que foi o último diálogo entre o avião que transportava a delegação da Chapecoense e a torre de controle do aeroporto de Rionegro. O piloto comunicou "falha total elétrica e sem combustível"...
No diálogo, de pouco mais de 11 minutos, se ouve a comunicação do avião LaMia CP-2933 - que levava jogadores e dirigentes da Chapecoense, jornalistas e convidados - e outras duas aeronaves que também sobrevoavam a área com a área de controle.
Já nos últimos três minutos registrados pelo áudio publicado, Miguel Quiroga, piloto do avião da Chapecoense, reporta estar em "falha total elétrica e sem combustível" e se declara em emergência. Antes, ele já havia falado sobre problema com combustível, mas sem pedir emergência.
Pouco mais de um minuto depois de dizer que estava sem combustível, Quiroga grita "vetores, senhorita, vetores", como descreveu testemunha em outro áudio divulgado nesta quarta-feira. A torre avisa que ele está a 8,2 milhas do aeroporto, e pouco depois se ouve "Jesus".
A torre de comando pergunta então a que altitude a aeronave está naquele momento, mas não recebe mais resposta. O último diálogo registrado no áudio é do piloto de outra aeronave consultando o rumo a seguir para realizar seu pouso.