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domingo, 28 de setembro de 2014

O DESARMAMENTO QUÍMICO DA SÍRIA

Será coincidência que quando Síria termina de eliminar suas armas químicas, EUA e seus lacaios começam a bombardear?
Brasília - Sexta , 26 de Setembro de 2014
A política do (des)armamento
Por Manlio Dinucci
Tradução Anna Malm*- Correspondente de Pátria Latina na Europa
Um carregamento de armas químicas da Síria será transportado amanhã para Gioia Tauro [1] (na Calábria), do navio dinamarquês Ark Futura, ao navio estadunidense Cape Ray. Esse será o último envio. Com isso então a Síria termina o desarmamento químico posto abaixo do controle da Organização para a Proibição de Armas Químicas. Damasco manteu dessa maneira a sua palavra no quadro do acordo estabelecido com a mediação de Moscou, que em troca obteve de Washington a promessa de não atacar a Síria. A transferência e a destruição sucessiva das armas químicas sírias declarou Mogherini, ministra dos negócios estrangeiros da Itália, “poderá abrir mais cenários de desarmamento e de não proliferação na região”. Ela se calou aqui quanto ao fato que enquanto a Síria renunciava às armas químicas, Israel ia construindo um sofisticado arsenal químico que continua sendo secreto porque Israel assinou, mas não ratificou, a Convenção sobre armas químicas. Isso está sendo da mesma maneira como fez com o seu arsenal nuclear, que também continua sendo secreto porque Israel não assinou o Tratado de não proliferação.
Mogherini calou-se principalmente quanto a maneira pela qual os Estados Unidos contribuem ao “desarmamento” na região : exatamente quando Damasco terminou o seu desarmamento químico, mostrando dessa maneira a sua prontidão para negociações, o presidente Obama requeria do Congresso 500 milhões de dólares para armar e treinar os “membros controláveis da oposição síria”. Entretanto, essa oposição é na sua maioria composta por não-sírios, os quais foram recrutados na Líbia, Afeganistão, Bósnia, Chechênia e outros países. Esse recrutamento foi feito pela CIA, a qual os vem armando e treinando na Turquia e na Jordânia, já há muitos anos, para infiltrá-los na Síria. Entre os recrutados encontram-se numerosos militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, ou EIIL) os quais são treinados em bases secretas na Jordânia. Se bem que Damasco tenha realizado o desarmamento químico, e que novas provas tenham sido apresentadas quanto ao fato de terem sido os “rebeldes” que tinham usado armas químicas na Síria, Washington continua a armá-los e treiná-los para derrubar o governo sírio. Emblemático seria a declaração da reunião de cúpula da G7 em Bruxelas, a qual reflete a política de Washington a esse respeito.
Sem dizer uma palavra sobre o desarmamento químico da Síria, o G7 “condena a brutalidade do regime de Assad, que dirige um conflito que já matou mais de 160 mil pessoas deixando 9.3 milhões de pessoas em necessidade de assistência humanitária”. Depois eles qualificam também as eleições presidenciais de 3 de junho como falsificadas, declarando que “não haveria nenhum futuro para Assad na Síria. Isso ao mesmo tempo que elogiavam “o trabalho da Coalisão Nacional e do Exército Livre da Síria para manter o direito internacional” “deplorando” o fato da Rússia e da China terem bloqueado, no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução que exigia uma acusação contra o governo sírio no Tribunal Internacional de Hague.
Os objetivos de Washington mostram-se, entretanto, muito claros : abater o governo de Damasco, o qual é apoiado principalmente por Moscou, e ao mesmo tempo (por intermédio da ofensiva do Estado Islâmico do Iraque e do Levante – ISIS ou EIIL – o qual é um instrumento da estratégia estadunidense) depor também o governo de Bagdá, que se distanciou dos Estados Unidos, e está se aproximando da China e da Rússia. A alternativa seria aqui « balcanizar » o Iraque, favorecendo então a sua divisão em partes. Com essa intenção Washington enviou ao Iraque, além dos drones que já operam lá vindos de Kuweit, 300 conselheiros militares com a missão de instalar dois “centros de operações conjuntas”, um em Bagdá e o outro no Curdistão. Para conduzir essas operações, assim como outras também, definidas oficialmente como de “contra terrorismo”, a Casa Branca pediu ao Congresso fundos adicionais : 4 bilhões de dólares para o Pentágono (sobretudo para as forças especiais), um bilhão para o Departamento do Estado, e 500 milhões para “situações imprevisíveis”. Na verdade essas “situações imprevisíveis” seriam facilmente previsíveis.

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